quarta-feira, 13 de julho de 2011

Museólogos ganham mercado com nova lei


"Política governamental de 2007 levou ao aumento de vagas e oferta de cursos"

Antiguidades. Para algumas pessoas, uma forma de reviver o passado e despertar curiosidades. Para outras, uma opção de carreira. "Um museu é essencial para todos. Ele armazena toda a história e patrimônio", afirma Ivan Coelho de Sá, diretor da Escola de Museologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio).
Por isso, Sá acredita que é uma carreira em expansão. De acordo com o Conselho Regional de Museologia da 4ª Região (Corem), o Brasil tem firmado uma política nacional para a área museológica, que inclui a implantação de novos museus e a qualificação dos serviços prestados nas instituições já em funcionamento.
Novas modalidades de museus e de processos veem demandando a presença do profissional museólogo. "Ele pode trabalhar em museus históricos, artísticos, científicos, militares, universitários, regionais, centros de memória, centros culturais, empresas que trabalham com bens culturais, ecomuseus, entre outros. Há diversas áreas. É um campo muito amplo", destaca Sá.
"Na década de 80, quando me formei, era um mercado de trabalho difícil. Mas, de uns seis anos para cá, quando o Ministério da Cultura iniciou uma política voltada para os museus, essa área melhorou e se desenvolveu", afirma Sá. Em 2007, o Ministério criou a Política Nacional de Museus com o objetivo de promover a valorização e a preservação do patrimônio cultural brasileiro.
A legislação brasileira prevê que até 2013 todos os museus do País deverão ter ao menos um museólogo em seus quadros de colaboradores. Com isso, o número de concursos para essa área vem aumentando significativamente. Na segunda-feira (13), o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) nomeou 18 profissionais para atuarem em cargos de cultura do instituto.

PERFIL

Mas o que faz um museólogo? Segundo Sá, é ele quem vai preservar toda documentação, investigar e expor os bens culturais de uma sociedade. "Esse profissional terá uma atuação mais prática, mas deve ter o conhecimento teórico para conseguir elaborar a parte dos conceitos de acervo e patrimônio de cada instituição." Além disso, com o aumento dos cursos, o museólogo também pode atuar na área acadêmica. "Estão sendo abertas muitas vagas para professor de Museologia", acrescenta Sá.
A carreira de museólogo está inscrita nas ciências sociais aplicadas. A profissão é regulamentada no Brasil desde 1985, mas só podem receber essa titulação aqueles que forem graduados ou pós-graduados em Museologia. Dessa forma, todos os profissionais da área devem estar registrados no Corem para poderem atuar no mercado.
Ana Silvia Bloise, presidente do Corem, destaca que o profissional dessa área deve gostar de pesquisar, estudar e trabalhar em equipe. Também precisa se preocupar com o cuidar, tanto dos acervos, quanto das pessoas – o público dos museus.
"É importante ele ter um elevado senso ético, pois irá lidar com as relações entre as pessoas e as coisas que queremos preservar para as futuras gerações."

FORMAÇÃO

Com a política nacional promovida pelo Ministério da Cultura, já houve um investimento alto, segundo Sá, em cursos de Museologia. "Antes só existiam dois cursos: na UniRio e na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente, esse número aumentou muito e a maioria das universidades é federal", destaca Sá.
De acordo com o Corem, ao todo são 14 universidades que oferecem curso de graduação em Museologia. Entre elas estão a UFBA, a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a UniRio, que também oferece mestrado na área.
Na UniRio, Sá ressalta que a procura pelo curso vem aumentando a cada ano. "No período integral, são aproximadamente 100 alunos que ingressam duas vezes por ano. No noturno, são abertas 30 vagas por ano." Segundo ele, não há dificuldade em preencher as vagas, mas cerca de 40% dos alunos não chegam a se formar.

SALÁRIOS

Segundo Ana Silvia, as remunerações variam muito entre os Estados e área de atuação do profissional. "Em geral, acredito que seja acima de cinco salários mínimos."


Nível de formação Custo/hora: consultorias, pareceres, laudos e arbitragens Custo/hora: professor Jornada de 20 horas semanais Jornada de 30 horas semanais Jornada de 40 horas semanais
Graduado ou entre 0 e 8 anos de formado R$ 179,52 R$ 80,68 R$ 2.737,75 R$ 4.036,10 R$ 5.026,69
Mestre ou entre 8 e 16 anos de formado R$ 235,63 R$ 106,86 R$ 3.282,74 R$ 4.925,71 R$ 6.568,15
Doutor ou mais de 16 anos de formado R$ 331,27 R$ 149,60 R$ 3.950,08 R$ 5.909,36 R$ 7.875,58
Conselho Federal de Museologia (Cofem)

Por Patrícia Lucena, iG São Paulo | 17/06/2011. Disponível em: